Em Pina (2011), a arte foi expressada não só no conteúdo do documentário, mas também no formato do mesmo, haja vista que os takes de coreografias/atuações são tão frequentes, tomam tanto o tempo de cena que parecem proporcionar a sensação de que somos espectadores do próprio teatro e não do documentário (espero ter sido compreensível nessa parte, rs). Foi encantador ver a maneira com que Pina "conta histórias" e cria enredos através da coreografia. Achei muito interessante a forma com que os produtores inseriram as opiniões/impressões dos artistas sobre Pina (Olhar da pessoa para a câmera adicionados aos dizeres dela ao fundo da imagem). Somando à trilha sonora impecável (que é um show à parte), esse documentário proporcionou uma atmosfera sensorial que jamais experimentei, chegando até ao ponto achar que eu estava diante de um grande caos. O modelo não linear de um documentário convencional (como o de Marina), proporcionou um certo incômodo inicialmente, mas ao decorrer de tudo foi bom. Uma sensação única.
Já em Marina Abramovic (2012), que obra... Estou encantada. Não é apenas um filme que retrata o backstage de uma performance. É algo extremamente tocante. Aliás, queria iniciar este parágrafo com uma frase dita por Sean Kelly no documentário:
"Marina cria as performances dela, que a tornam transcendentais".
Essa frase foi uma das que mais definiram a arte dela, para mim. Fiquei fascinada com a preparação que Marina deu aos jovens artistas que ela recebeu em sua casa. Aliás, a frase dela que mais me marcou nesta parte do documentário foi "Os artistas são guerreiros, têm de estar determinados e ter energia pra conquistar não só novos territórios mas também eles mesmos e suas fraquezas." O relacionamento dela com Ulay foi algo artístico por si só, além trabalho, eu diria. O próprio "divórcio" deles, na caminhada pela muralha Lovers foi um espetáculo, onde vida pessoal e arte se fundem. A frase de Marina que mais me marcou sobre a relação que tiveram foi sobre a identificação que ambos sentiram um pelo outro "...Eram dois gêmeos ligados pelo corpo e pela alma". O modo que Marina se reergueu após a separação (e uma baixa em sua auto estima) foi incrível. Sobre a exposição The Artist Is Present, no MoMA (Museum of Modern Art), queria destacar a advertência de Sean sobre inserir David em sua exposição, alegando que o trabalho "ilusionista" dele chocaria com o realismo das obras de Marina. Foi uma colocação muito inteligente, pois a literalidade das ações da arte de Marina são o que a diferencia e a destaca. O jeito que ela jogou corpo e alma nessa exposição ("...presença 100% em algo que beira ao nada") teve como consequência a ala cheia de pessoas admiradas e as reações diversas e intensas dos espectadores (conto aqui também os folders dos haters que apareceram ao final). Além disso, o jeito que ela lida com a dor me deixou fascinada: "Sinto a dor, mas a dor é como guardar um segredo. No momento que sinto dor, entro em outro estado mental. Um sentimento de beleza e amor incondicional, de que não há fronteiras entre meu corpo e o ambiente ". Destaco também a retirada da mesa, demonstrando mais vulnerabilidade. Também merece destaque a mulher que se despe e é contida pelos seguranças, dizendo que queria que fosse algo espontâneo e especial, como se o publico também fizesse parte da obra. De forma geral, o filme foi muito tocante para mim. Ficará marcado não só na minha trajetória, mas sim, na minha existência.
Obrigada por compartilhá-lo, professores!
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