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Pesquisa fotógrafos

 

   PIERRE VERGER

   Pierre Edouard Léopold Verger foi um fotógrafo, etnólogo, antropólogo e pesquisador francês (nascido em Paris, em 04/11/1902) que viveu grande parte da sua vida na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, no Brasil, onde veio a falecer em 11/02/1996. Realizou um trabalho fotográfico de grande importância, baseado no cotidiano e nas culturas populares dos cinco continentes, em lugares distantes de sua realidade cultural - preferia a companhia do povo e dos lugares mais simples, interessado em modos de vida completamente diferentes de sua origem e retratando o homem em seu contexto de uma nova maneira (característica marcante para seu trabalho). Além disto, produziu uma obra escrita de referência sobre as culturas afro-baiana e diaspóricas, voltando seu olhar de pesquisador para os aspectos religiosos do candomblé e tornando-os seu principal foco de interesse.


SIKASSO (Mali), 1936.

Obra datada de 1936, ainda no início da carreira do fotógrafo e realizada durante uma de suas várias viagens pelo mundo. Sikasso (ou Sicasso) é uma comuna urbana do sul do Mali (África Ocidental)

 Para além da espontaneidade da cena, o grupo vislumbrou a influência do surrealismo, característica da obra inicial do artista, uma vez que o enquadramento e a composição, somados ao pronunciado contraste de claro e escuro, permitem a identificação das rochas, em destaque, com a aparência humana (cabeça/rosto e parte superior do tronco).

As técnicas desenvolvidas pela fotografia surrealista buscavam alterar a percepção da realidade, criando imagens e combinações que ganhavam um aspecto alucinatório e enigmático.

Fotografia escolhida pela relação de diálogo que o grupo estabeleceu com a imagem Die Bäume vor meinem Fenster, de Otto Steinert.



INITIATION, CANDOMBLÉ OPO AGANJU (Salvador, Brasil), 1972 – 1973.

Outra fotografia em preto e branco, especialidade do artista; já da fase final de sua carreira (Verger parou de fotografar no final dos anos 1970). Exemplo do seu interesse pela religiosidade de origem africana, notadamente pelo candomblé (orixás); pela cultura afro-baiana e diaspórica; e por um modo de retratar o homem em seu contexto, baseado no cotidiano e nas culturas populares. Destacamos o uso de luz e sombra, com a proeminência da figura humana em transe, durante um rito religioso, e a composição com as folhagens que adornam o ambiente e as sombras por elas geradas.

Fotografia escolhida por ser um exemplo sintético das principais características da obra de Verger (registro de modos de vida completamente distintos de sua realidade cultural original; uso de luz e sombra em fotografias em preto e branco; a centralidade e relevância da história, dos costumes e, principalmente, da religião praticada pelos povos iorubás e seus descendentes nas pesquisas e obras de Verger; a Bahia, local em que o espírito nômade de Pierre Verger resolveu se fixar, tendo inclusive se naturalizado brasileiro) e pela relação de diálogo e distinção (singularidade) que o grupo identificou com os modos de retratar as pessoas encontrados nas obras de Cláudia Andujar e Otto Steinert.




    OTTO STEINERT

Fotógrafo alemão, Otto Steinert nasceu em 1915, em Sarbruque, e morreu em 1978, em Essen. Foi um autodidata no âmbito da fotografia. Formado em medicina, foi médico na Segunda Guerra Mundial. Ao retornar do conflito, buscou estabelecer e profissionalizar sua fotografia. Tornou-se professor de Fotografia no Colégio de Artes de Saarbruecken e, em 1952, diretor desse estabelecimento. Foi um dos fundadores do grupo Fotoform, considerado o primeiro movimento de fotografia criativa internacional do pós-guerra. Em 1951, organizou a primeira de três exposições sob o título de “Subjektive Fotografie” (fotografia subjetiva), que explorava as potencialidades criativas e técnicas da fotografia.

A primeira foto que escolhemos para sintetizar o estilo de Steinert foi Maske einer Tãnzerin (Máscara de Dançarino), de 1952. Essa obra apresenta a técnica do matriz-negativo em que as áreas claras do negativo se converterão nas áreas escuras da ampliação, enquanto as escuras do negativo se tornam claras na ampliação. Essa técnica também era utilizada pelos outros fotógrafos do grupo. Além disso, a foto apresenta algumas características do seu trabalho como as imagens desfocadas, brincadeiras com os efeitos da luz e sobreposições de negativo.

Steinert encarava a fotografia como uma autorreflexão criativa, em que a realidade apresentada perde o seu significado original e se transforma numa forma metafórica. Exemplo disso é a outra fotografia que escolhemos:

As árvores fora da minha janela I | Otto Steinert / © Cortesia Galerie Johannes Faber

Nosso grupo escolheu essa fotografia pela ilusão. À primeira vista, parece mãos de monstros saindo da terra. Algo meio macabro, retorcido e enrugado. Mas, depois, é possível perceber que são apenas galhos e troncos de árvores desfolhadas se projetando a partir da terra.

O contraste forte das árvores mais escuras e o fundo mais claro reforça essa ideia de “monstruosidade”. Tal aumento de contraste, assim como o gosto por preto e branco e o rigor pela forma são características do estilo bem marcado de Otto.

CLÁUDIA ANDUJAR

Cláudia Andujar nasceu na Suíça em 1931, viveu na Hungria com sua família paterna de origem judaica, migrou para os Estados Unidos diante de perseguições aos judeus, onde se formou em Humanidades e trabalhou como intérprete da ONU. Em 1955, foi para São Paulo, de encontro à sua mãe e naturalizou-se brasileira. Iniciou sua carreira de fotógrafa no Brasil e em viagens pela América Latina, como forma de expressão, já que não falava a língua local. No Brasil, se dedicou à fotografia que retratava a cultura indígena, para se aprofundar no assunto mudou-se de São Paulo para o Amazonas. Em 1974, por meio de uma bolsa que recebeu da Fapesp prosseguiu sua carreira, fotografando, em especial, os índios Yanomamis, unindo sua arte à política por participar de lutas ligadas aos direitos de tal povo, retratando a cultura, costumes, rituais e realidade dos Yanomamis. Cláudia Andujar possui foco na fotografia documentária e social, realizando-as geralmente com fundo neutro, com intervenções de luz e granulações.

Em convivência com os Yanomamis, experimentou o pó alucinógeno yãkõana, que apenas homens utilizavam em rituais, desta experiência a fotógrafa teve a ideia de realizar a série de fotos chamada “sonhos yanomami” de 1974 a 2003, por isso escolhemos essa foto para representar toda a sua história de interação e luta pela cultura indígena e por ter a presença de luz e sombras marcantes, dando maior impressão de um sonho.

E a escolha desta outra foto, foi feita por apresentar semelhança de técnica com a fotografia de Otto. E por representar a figura feminina de uma forma diferente e subjetiva, com a duplicação do corpo e com a presença de filtros que remetem a radiografias. A foto foi realizada em 1971 e nela está presente a modelo baiana Sônia.




BIBLIOGRAFIA

https://www.pierreverger.org/br/pierre-fatumbi-verger/biografia/biografia.html

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2536/pierre-verger

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra28977/sikasso-mali

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3879/matriz-negativo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Verger

https://www.pierreverger.org/images/phocagallery/espaco_foto/portfolio/orixas/27719.jpg (Disponível em: <https://www.pierreverger.org/br/acervo-foto/portfolios/orixas.html>)

https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2019/12/PierreVerger.html?hcb=1&m=1 

https://www.infopedia.pt/otto-steinert

https://www.britannica.com/biography/Otto-Steinert

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18847/claudia-andujar

https://ims.com.br/titular-colecao/claudia-andujar/

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